Médico da Organon aponta medidas para reduzir a mortalidade materna

Save Print

May 29, 2023 1:40 pm EDT

Dia Nacional de Luta pela causa é 28 de maio

São Paulo, SP (Maio de 2023) — A cada 2 minutos, uma mulher morre no planeta durante a gravidez ou no parto, de acordo com as últimas estimativas divulgadas pelas Nações Unidas.¹ No Brasil, cujos índices estão entre os mais altos do mundo, 28 de maio é o Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna. Há quase um consenso entre os especialistas sobre medidas capazes de combater o problema e o médico Tiago Almeida aponta a principal delas. ‘’O mais importante é garantir o acesso ao planejamento reprodutivo para evitar a gravidez indesejada e os casos de complicações por causa de morbidades pré-existentes com risco elevado para a mulher’’, diz ele, que é diretor associado de Assuntos Médicos da Organon, farmacêutica global focada na saúde feminina.

Caracterizada pela morte de uma mulher durante a gravidez ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, a mortalidade materna é considerada um importante indicador da qualidade de vida de determinada população. ‘’Embora muito seja feito pelas sociedades médicas em termos de ensino e treinamento visando diminuir as taxas de mortalidade materna, ainda enfrentamos uma realidade com déficit em acesso a uma saúde de qualidade, um cenário com grandes contrastes socioeconômicos, o que impacta ainda mais nesse acesso”, avalia Almeida. “Acredito que educação médica, treinamento dos profissionais de saúde e conscientização da população a respeito da dimensão desse problema ainda são os principais caminhos para enfrentar esse desafio.’’

No Brasil, segundo o último Boletim Epidemiológico emitido pelo Ministério da Saúde, em 2019, foram notificados 1.655 óbitos maternos ao Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).  De acordo com o documento, 65,7% das mortes maternas foram decorrentes de causas obstétricas diretas (relacionadas a complicações obstétricas ou a uma cadeia de eventos resultantes de morbidades diretamente ligadas à gravidez, parto ou puerpério), 30,4% de causas obstétricas indiretas (resultante de doenças que existiam antes da gestação ou que se desenvolveram durante esse período) e 3,9% de causas obstétricas inespecíficas.

Entre as causas obstétricas diretas, predominam a hipertensão (20%), hemorragia (12,4%), infecção puerperal (4,4%) e aborto (2,7%). Entre as causas obstétricas indiretas, prevalecem as doenças do aparelho circulatório (8,3%), doenças do aparelho respiratório (4,1%) e doenças infecciosas e parasitárias maternas (2,9%), com destaque para a AIDS (0,8%).²

O índice de mortalidade materna pode variar conforme a região do país. ‘’Esse fator evidencia que as condições socioeconômicas e acesso à saúde estão diretamente ligados aos indicadores’’, explica o diretor associado de Assuntos Médicos da Organon. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2019, as maiores taxas de mortalidade materna foram observadas no Piauí (98,1), Pará (96,1), Roraima (91,9), Amazonas (84,8) e Maranhão (80,6). As menores foram observadas no Distrito Federal (21,2) e em Santa Catarina (30,6).

Formas importantes de prevenção da mortalidade materna:

– Garantir o acesso ao planejamento reprodutivo para evitar a gravidez indesejada e os casos de complicações devido a morbidades pré-existentes;

 – Garantir um acompanhamento pré-natal com acesso e número de consultas adequadas;
– Estabelecer uma rotina de pré-natal e de controle de morbidades gestacionais de acordo com os protocolos existentes;

– Não discriminar gestantes em condições de vida desfavorecidas;

 – Garantir uma maternidade de qualidade para as gestantes e hospital referência para gestações de alto risco.

Em relação ao parto, para se evitar complicações e óbitos, é importante uma série de ações, esclarece Almeida. ‘’Devem ser realizados: monitoração adequada do trabalho de parto, redução no número de cesarianas desnecessárias, vigilância das gestantes com comorbidades, diagnóstico oportuno e início imediato do manejo de hemorragias, entre outros’’, pontua ele, que também ressalta a importância da vigilância contínua do pós-parto imediato, com acesso e avaliação clínica adequada na consulta de puerpério na atenção básica.

Referências:

¹https://www.who.int/publications/i/item/9789240068759

²https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins/epidemiologicos/edicoes/2021/boletim_epidemiologico_svs_29.pdf/view