Mulheres discutem violência de gênero no W20 Brasil

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April 23, 2024 4:44 pm EDT

Segundo encontro foi realizado em Brasília com presença da Ministra das Mulheres, Cida Gonçalves

O combate à violência de gênero mobilizou mulheres dos setores público e privado no segundo encontro do W20 Brasil, nesta segunda-feira, 22 de abril. Realizado no Instituto Serzedello, da Escola Superior do Tribunal de Contas da União, em Brasília, o encontro é o segundo de uma série de debates que ocorrerão em todo o Brasil, ao longo do ano, com o propósito de construir recomendações ao G20 sobre a temática de gênero. O W20 Brasil é o grupo de engajamento do G20 focado em promover a equidade de gênero e o empoderamento econômico das mulheres.

Uma das patrocinadoras oficiais do W20 Brasil, a Organon, empresa global de saúde feminina, abriu o debate ao lado de outros apoiadores. “A violência posta acontece todos os dias e está diante dos nossos olhos. É por isso que estamos aqui. Apoiamos a missão do W20 de combater as barreiras e as dificuldades relacionadas à questão de gênero”, afirmou Bárbara Ferreira, Gerente de Comunicação Corporativa e Advocacy da Organon. “Para nós, enquanto iniciativa privada, uma empresa focada na saúde de mulheres e pessoas com útero, que coloca essas pessoas no centro da estratégia de negócios, é impossível se furtar a uma discussão como essa. Precisamos discutir junto com a sociedade civil, com os coletivos e com quem mais quiser somar”, completou.

Presente no encontro, a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, lembrou que o Brasil tem uma legislação forte de proteção às mulheres e meninas. Mesmo assim, enfrenta dificuldades para reduzir a violência de gênero. “Em um país onde nós temos uma lei Maria da Penha, uma lei do feminicídio, uma nota técnica sobre a questão do atendimento às mulheres vítimas de violência sexual, um Código Penal e várias leis que protegem as mulheres, onde está a falha? Por que não conseguimos avançar?”, indagou.

Para ela, é preciso olhar para a raiz do problema e entender por que a misoginia autoriza várias formas de violência contra as mulheres e meninas. “Um dos problemas é que há um ódio implantado contra as mulheres. Não é um problema só do Brasil. É um problema do mundo inteiro. Portanto, nosso primeiro desafio é entender por onde passa esse ódio, quais os canais e quais as grandes formas com que ele acontece. Precisamos de uma estratégia nacional e mundial para enfrentar a misoginia”, disse.

Além de Bárbara Ferreira e da ministra Cida Gonçalves, o encontro contou com uma apresentação da presidente do W20 Brasil, Ana Fontes, de delegadas líder do tema de combate à violência de gênero, Janaina Gama e Maria José Tonelli. Entre as painelistas, Ana Teresa Iamarino, da ONU Mulheres; Luana Silva, da UNPFA; Raquel Preto, da OAB; e Regina Célia, do Instituto Maria da Penha.

A presidente do W20 Brasil, Ana Fontes, apresentou a organização e detalhou seus eixos temáticos. “O Brasil participa do W20 desde 2017 e este ano estamos liderando. Assim, nossa primeira missão foi definir a pauta de recomendações deste ano, uma tarefa difícil porque depende da aprovação dos 83 delegados dos 19 países que formam o G20, mais dois grupos econômicos, a União Européia e a União Africana”, explicou.

Segundo ela, o Brasil decidiu manter três pautas que já vinham dos anos anteriores e adicionar duas novas. Além do combate à violência de gênero, foram mantidos os temas de empreendedorismo, e, ainda, a participação de mulheres e meninas nas áreas de Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Como novidade, o Brasil trouxe a economia do cuidado e a perspectiva de gênero e justiça climática. “Cumprimos a primeira missão. Conseguimos colocar os cinco temas e usamos a nossa voz, um pouquinho mais alta esse ano, para bancar a inclusão da interseccionalidade entre raça e etnia para os cinco temas”, concluiu.

Todos os trabalhos do W20 Brasil serão sintetizados no Communiqué, documento que será entregue pela presidência do W20 Brasil à presidência brasileira do G20 durante o Summit internacional, em outubro.